Vou iniciar uma série de postagens sobre a história do chocolate.Como fonte, beberei do livro "O Cacau é Show", de Alexandre da Costa, fundador da Cacau Show. Sempre admirei esse alimento, mas agora conhecendo um pouco de sua história estou perdidamente apaixonada por esse que considero a maior e mais fantástica criação gastronômica da humanidade (desconfio que tem um dedo divino aí).
Os primeiros pés de cacau surgiram na América da Sul e correntes migratórias nativas levaram a planta para a América Central onde se desenvolveu a civilização maia e, mais adiante, até o México, onde habitaram os astecas.
Antes desses dois povos, cerca de mil anos antes de Cristo, os olmecas, do qual se sabem muito pouco hoje, já consumiam a bebida do cacau. Eles inventaram a palavra kakawa, que teria dado origem a cacau.
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Astecas preparando o xocolatl |
Ao nascer, ao casar e ao morrer, tanto maias quanto astecas mantinham com o cacau uma relação de intimidade, sabor e devoção.
O cacaueiro não era só símbolo da vida e da fertilidade, mas seus frutos era um cobiçado bem material entre os povos pré-colombianos. Os astecas batizaram a bebida de tlaquetzalli, o que na língua local significava "coisa preciosa". Por seu altíssimo valor as sementes eram usadas como moeda corrente.
A origem do nome de chocolate é cheia de controvérsias. Alguns filólogos afirmam que surgiu do termo xocolatl ou chocolatl que pertencia à linguagem nahuatl, falada pelos antigos astecas. Alguns historiadores argumentam que a palavra original é cacahualt, mas como caca em espanhol tem um significado escatológico, os colonizadores preferiram juntar outras duas palavras nativas: choco ("amargo", em maia) e atl ("água", em asteca).
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Mulher asteca despejando a bebida |
As sementes do cacau eram moídas e depois acrescidas de água quente, batendo-se em movimentos circulares com o molinillo, uma espátula feira de madeira, ouro e prata. Depois despejado de uma certa altura para provocar uma espuma, muito atraente para os astecas.
O sabor amargo e natural do cacau podia também ser suavizado com pitadas caprichosas de flores silvestres. Costumava-se utilizar milho moído para dar maior consistência à bebida. Combinando o cacau com urucum – a mesma semente vermelha que produz o colorau – obtinham uma petisco de colorido intenso e inusitado. Para satisfazer o paladar ousado dos astecas e maias, havia particularmente a mistura que séculos depois seria redescoberta e se converteria em um sabor clássico e sofisticado: chocolate com pimenta.
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Fernando Cortez |
A importância do cacaueiro para essas civilizações foi percebida pelo conquistador Fernando Cortez, em 1519, responsável por levar as sementes para a Europa. Um dos cronistas que acompanhavam a expedição junto com Cortez deixou um dos escritos históricos mais famosos sobre o cacau. O poder energético e tonificante do chocolate – características que faziam dele a bebida por excelência dos guerreiros astecas que partiam para combates e guerras contra tribos inimigas – era descrito com incontido entusiasmo: “Essa bebida é a coisa mais saudável e a melhor substância do que qualquer coisa que se possa beber no mundo, porque quem bebe um copo desse líquido, por mais que caminhe, poderá passar o dia inteiro sem comer mais nada”, dizia a anotação por muitos atribuída a Cortez.
A colonização do continente terminou por dizimar a civilização Asteca, mas a sua bebida sagrada iniciou sua trajetória de conquista, através de seu sabor e sedução.
Concordo 100% com vc: "a maior e mais fantástica criação gastronômica da humanidade (desconfio que tem um dedo divino aí)".
ResponderExcluirE por amor ao chocolate, todos os dias consumo um pouquinho :D